Compondo a programação do 68º Seminário do Grupo de Estudos Linguísticos do Estado de São Paulo (GEL), o prof. Alex Cobbinah apresentará a comunicação Língua, Cultura e emoções em Baïnounk Gubëeher (Senegal), no dia 08/07 às 16h:00.

A comunicação pode ser acompanhando no link:  https://meet.google.com/acz-tobn-dzt


Esta fala aborda assuntos sobre a expressão linguística de emoções em uma pequena língua oeste-africana da perspectiva da linguística antropológica, com referência a dados lexicais e sintáticos. O Baïnounk Gubëeher e? uma língua do grupo Atlântico, do ramo Nigero-congolês, com cerca de 1000 falantes e falada na região de Casamansa, no sul do Senegal. Os falantes têm à disposição vários meios sintáticos e lexicais para falar sobre emoções, tais como raízes lexicais e metáforas corporais – típicos de línguas africanas (Batic 2011, Dimmendaal 2002). O fígado ocupa uma posição central nesse contexto (cf. McPherson & Prokhorov 2011). Uma questão pertinente que emergiu de uma década de pesquisa de campo, com longos períodos de convivência com a comunidade, é se as extensões semânticas de alguns desses itens usados com referência a estados emocionais, assim como a aparente escassez de recursos lexicais para discutir estados emocionais privados, estão ligados a configurações culturais. As sociedades da região são na maioria igualitárias, com poucas hierarquias fixas e têm uma cultura de decisões coletivas negociadas em constelações complexas por comitivas e conselhos formados a partir de crite?rios de moradia, família ou ocupação (Baum 1999). Devido às semelhanças culturais entre as várias comunidades linguísticas e e?tnicas da região, as observações feitas têm relevância para outras línguas da área. Nesse ambiente marcadamente coletivo, comportamentos interpretados como ambiciosos ou ostentativos, o recuso de contribuir para a sociedade são tidos como antissociais e negativamente sancionados. Nesse contexto, a verbalização de estados emocionais pessoais e? inerentemente problemática, visto que o indivíduo com suas disposições e exigências esta? claramente subordinado às obrigações impostas pelo coletivo. A hipótese adotada é a de que o foco em um comportamento socialmente relevante, em detrimento de estados emocionais privados, está correlacionado com as tendências anti-individuais prevalentes na organização política e social, com consequências visíveis para a semântica, a variedade de expressões à disposição e as relações de polissemia observáveis. Batic, G.C., 2011. Encoding emotions in African languages. Lincom Europa. Baum, R.M., 1999. Shrines of the slave trade: Diola religion and society in precolonial Senegambia. Oxford University Press. Dimmendaal, G.J., 2002. Colourful psi’s sleep furiously: Depicting emotional states in some African languages. Pragmatics & cognition, 10(1-2), pp.57-83.Batic McPherson, L. and Prokhorov, K., 2011. The use of liver in Dogon emotional encoding. Emotional encoding in African languages. LINCOM studies in African languages, 8

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