Desde sua institucionalização nos anos 1970 — se considerarmos a criação do periódico Historiographia Linguistica (Amsterdam: John Benjamins, 1974-corrente) como um marco inicial — um dos primeiros desafios que a disciplina Historiografia Linguística (HL) teve que enfrentar foi distinguir-se dos outros modelos de história da linguística então em circulação. O primeiro ponto a resolver era a definição de um método próprio, explícito e tão rigoroso quanto aqueles utilizados pela(s) ciência(s) que tomou por objeto. Com este propósito, era inevitável que a jovem HL se perguntasse quais outras metadisciplinas, mais amadurecidas na reflexão dos seus métodos e epistemologia poderiam servir de guia para o historiógrafo no encalço da sua especificidade. É no diálogo entre essas disciplinas que o presente projeto se propõe a problematizar a questão da autonomia da HL face à História da Ciência, à Sociologia da Ciência e à Filosofia da Linguística. O objetivo central é a demarcação do escopo e do domínio da HL, bem como dos seus princípios gerais de descrição, análise e interpretação. Os tópicos mais frequentemente discutidos na literatura giram em torno de três questões clássicas em análise historiográfica: influência, metalinguagem e narratividade. O projeto pretende ir além. Através de estudos de caso pontuais na história da Linguística lato sensu, propõe-se problematizar questões relativas às suas relações com outras metadisciplinas (autonomia, contribuição, integração); questões relativas ao escrever a história (modos de apresentação e de organização do texto historiográfico); questões relativas ao ensino das ciências da linguagem e às suas implicações para o linguista do presente.