A pesquisa em desenvolvimento tem por objetivo analisar se há diferença no processamento cerebral de acordo com as características de sinalização em língua brasileira de sinais (Libras) de três grupos: o primeiro com aquisição de língua de sinais em período ideal, o segundo com aquisição tardia da primeira língua (L1) e o terceiro com sinalização atípica. O processo de aquisição de língua é a sequência de estágios pelos quais as crianças passam até atingirem o padrão adulto da língua em aquisição e deve ocorrer em um período ideal, referido como período crítico para aquisição de língua, nos primeiros anos da infância. Crianças surdas adquirindo uma língua seguem um padrão similar ao observado em crianças ouvintes adquirindo língua oral. A proposta deste trabalho é investigar a compreensão da Libras em indivíduos surdos com aquisição em tempo adequado e aquisição tardia de Libras por meio da análise de suas atividades neuronais e de testes de linguagem. Pretende-se coletar dados de processamento de linguagem bem como de exames de potenciais evocados e analisá-los à luz de pesquisas da área da neurolinguística, levantadas na fase inicial do desenvolvimento do projeto. Os resultados poderão contribuir com uma melhor compreensão dos efeitos da aquisição tardia sobre o processamento de uma língua sinalizada e do funcionamento neuronal em língua de modalidade viso-espacial.

 

O projeto tem como objetivo desenvolver questionários para a elicitação de dados de sentenças complexas em línguas indígenas do Brasil. Trata-se de um projeto que visa incluir as questões de pesquisa levantadas pela literatura gerativista e funcional-tipológica sobre orações relativas, complemento e adverbiais. A ideia é disponibilizar os questionários para colegas que descrevem e documentam as línguas indígenas do Brasil a fim de que todos possam coletar dados padronizados que respondam questões de pesquisa sobre as estruturas complexas nestas línguas. Idealmente, uma conferência será organizada após a coleta de dados para que o conhecimento seja socializado na comunidade de linguistas descritivistas de línguas indígenas e os melhores trabalhos serão publicados em um volume temático. Dentre as várias atividades previstas no projeto, uma delas é o oferecimento de um curso de pós-graduação sobre o tema sentenças complexas. Se possível, os questionários serão divulgados também em formato do tipo Google Forms, e uma base de dados será criada para socializar os resultados com a comunidade científica após a publicação dos resultados. Num momento posterior, gostaríamos, ainda, de incluir questões da área de processamento da linguagem em versões mais avançadas dos questionários.

 

O projeto visa a descrição e documentação de línguas africanas, usando tecnologias e métodos de gravação, de armazenamento de dados e da análise com softwares especializados. As análises em todas os níveis linguísticos (fonologia, morfologia, semântica, sintaxe) têm como objetivo de aumentar o conhecimento sobre as línguas africanas.

 

Colaboração entre linguistas do DL/USP (Storto, Finbow, Cobbinah) e cientistas da computação da área de IA da IBM e do Centro de Inteligência Artificial/USP para desenvolver ferramentas tecnológicas de IA sobre a língua Guarani Mbya, falada por comunidades Guarani de São Paulo. Os linguistas contribuirão com a formação dos falantes em documentação da língua e cultura através de oficinas dos programas ELAN e FLEX, que servem para produzir dicionários digitais e transcrições e traduções de textos tirados de arquivos de mídia na língua. Os cientistas da área de IA desenvolverão um assistente de texto e WhatsApp que servirá de corretor ortográfico e gramatical. Todo o trabalho será feito diretamente junto aos alunos do ensino médio em oficinas na aldeia Tenondé Porã de Parelheiros e talvez em trabalhos esporádicos com tradutores da aldeia do Jaraguá. Assim, esperamos estabelecer parcerias com as comunidades de falantes para projetos futuros de tecnologia de IA aplicada às línguas indígenas e para estudos linguísticos. As bolsistas de IC trabalharão na elaboração de material didático sobre sentenças complexas em Guarani Mbya além de participar das oficinas.

Este projeto investiga a semântica do TAME (tempo, aspecto, modo e evidencialidade) nas línguas humanas. Nesta fase, volta-se principalmente ao estudo do tempo e do aspecto. Faz isso dentro de um enfoque emergente que surge da convergência entre sintaxe e semântica formais, de um lado, e do estudo da variação linguística (tipologia), de outro. É particularmente no domínio das categorias TAME que a convergência entre linguística formal e tipologia tem se consolidado nos últimos decênios (cf. Dahl ed. 2000, Smith 1991, Guéron & Lecarme eds. 2004, 2008, Hooge & et al. 2009, Matthewson 2010, Peterson & Sauerland eds. 2010). A pesquisa abarca uma língua românica - o português brasileiro - e uma língua não indoeuropéia - o Karitiana, família Arikén, tronco Tupi. Essas duas línguas diferem em duas dimensões que pretendemos investigar: em seus sistemas de orientação temporal e na existência vs. inexistência de concordância entre tempos. O estudo de sistemas divergentes pode levar à confirmação ou à correção de um certo número de generalizações que se pretendem universais. No caso particular de nosso projeto, existem três questões bastante atuais para a linguística formal sobre as categorias TAME que pretendemos enfrentar: (i) a existência ou não de línguas que não expressam o tempo em sua gramática; (ii) a existência ou não de línguas com legítimos sistemas de orientação temporal de tipo futuro vs. não-futuro; (iii) a distinção entre sistemas temporais passado vs. não-passado e futuro vs. não-futuro enquanto um parâmetro de variação translinguística. O exame dessas duas dimensões nas duas línguas investigadas durante a realização do projeto deverá colaborar com a resposta a essas questões.