Este projeto discute a possibilidade de ocorrência de supleção de raiz, a partir da observação de uma classe de nomes do português que têm interpretação de pluralidade/coletividade, sem, necessariamente, exibir marcas de número plural (cf. BOSQUE, 1999): trata-se dos nomes coletivos. Cunha e Cintra (1984, p. 178) afirmam que os nomes coletivos “são os substantivos comuns que, no singular, designam um conjunto de seres ou coisas da mesma espécie”. Em português, os nomes que desempenham esse papel, de acordo com Correia (1999), podem ser expressos por palavras simples, por palavras complexas não construídas, ou por palavras construídas. A discussão e investigação que se propõe aqui se dará no âmbito do quadro teórico da Morfologia Distribuída, modelo que discute, no momento, dois importantes problemas teóricos: i) a natureza da raiz, sua representação na Lista 1 e as consequências dessa representação para os outros componentes da gramática; ii) a definição da noção de localidade, importante para a verificação das relações que se estabelecem entre os elementos participantes de uma derivação morfossintática, e a determinação de como tais elementos podem interferir na realização uns dos outros. Com este projeto, associarei a essas questões os achados sobre as propriedades morfofonológicas e semânticas dos nomes coletivos no intuito de contribuir para o debate através da investigação de um fenômeno do português.