Este projeto avalia o alcance de mecanismos sintáticos na determinação da natureza dos processos morfológicos disponíveis na gramática das línguas naturais. Parte-se da investigação de nomes deverbais não afixais, DNAs, do português, tais como fala, falta, amparo, começo, etc., e das implicações de se assumir, para dar conta de sua derivação, a existência de processos não concatenativos de formação de palavras nas gramáticas das línguas naturais. Esse conjunto de dados supostamente resulta de um dos dois processos apontados a seguir, que a literatura linguística vem classificando como não concatenativos: a derivação regressiva (processo que subtrai unidades morfológicas da palavra derivante) ou a conversão (processo que converte a base verbal em base nominal). No entanto, de acordo com a hipótese que vimos investigando, nenhuma dessas propostas de análise poderá dar conta dos dados acima dentro de um modelo não lexicalista de análise linguística, que assume que raízes, tais como ?GROW e ?DESTROY são neutras em termos categoriais e vão se transformar em nomes ou verbos, dependendo de serem inseridas em ambientes nominais ou verbais, respectivamente (HALLE; MARANTZ 1993, 1994, MARANTZ 1997, HARLEY; NOYER 1999, entre outros). Ou seja, categorias funcionais tais como DetP ou AspP podem ter um papel importante na categorização as raízes. Para Panagiotidis (2005, 2015), por outro lado, as categorias gramaticais são definidas em termos de perspectiva e os traços categoriais são interpretáveis em forma lógica (LF). Assim, enquanto o traço [N] impõe, em LF, uma perspectiva de tipo (a sortal perspective) ao complemento do categorizador n, o traço [V], por sua vez, impõe uma perspectiva de extensão-no-tempo ao complemento do categorizador v. Em seu sistema, somente categorizadores podem ser núcleos lexicais, o que significa que núcleos funcionais não podem definir a categoria de uma raiz: somente os categorizadores poderão exercer essa função. Neste projeto, portanto, procuraremos investigar a formação de DNA, levando em conta as propostas não lexicalistas já existentes na literatura, bem como as sugestões mais recentes tais como as de Panagiotidis.